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[Aqualtune Viva] — Expansão do Reconhecimento Facial na Bahia

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Pablo Nunes conversa com Bruno Sousa, jornalista e pesquisador do CESeC e no projeto O Panóptico, que investiga o avanço dobre o reconhecimento facial no brasil. Bruno Sousa também é coordenador de comunicação do Lab Jaca.

Pablo Nunes conversa com Bruno Sousa, jornalista e pesquisador do CESeC e no projeto O Panóptico, que investiga o avanço dobre o reconhecimento facial no Brasil. Bruno Sousa também é coordenador de comunicação do Lab Jaca.

A pesquisa de dados é tão importante quanto a segurança e a política de privacidade das informações. O Lab Jaca atua na produção de dados cidadã sobre a favela do Jacarezinho. A comunicação audiovisual feita pelo laboratório envolvem, para além do fornecimento de dados sobre a comunidade, informações sobre os principais impactos socioeconômicos da pandemia do Covid-19 no Jacarezinho. “Se for necessário desenhar, a gente vai desenhar para levar informação”, diz Bruno.

A próxima pesquisa é sobre a subnotificação de casos de Dengue na favela do Jacarezinho em tempos de pandemia. A atuação no levantamento de dados e indicadores traz a visibilidade à comunidade da Favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro. A importância da quebra de estigmas que a mídia hegemônica impõe à Favela do Jacarezinho é confrontada pelo Lab Jaca a partir do desenvolvimento de pesquisa e comunicações junto com moradores que são os protagonistas ao contar a narrativa do próprio território e suas as potencialidades.

Um dos trabalhos do Lab Jaca é o alerta sobre o quanto o Estado investe na Guerra às Drogas e não investe em cultura e educação na favela do Jacarezinho. No vídeo Chacina do Jacarezinho, Um mês, o Lab Jaca exemplifica esses dados com o comparativos de valor de equipamentos como um fuzil por exemplo, que daria para bancar um aluno da rede pública por um ano, incluindo os gastos com alimentação. Outro exemplo seria o valor de um helicóptero da polícia conhecido como “caveirão voador”, que seus custo estimado em 22 milhões de reais e o seguro (R$3,3 milhões) possibilitaria a distribuição de um auxílio emergencial de R$ 250 para 88 mil famílias. Usar a linguagem direta e com comparações com recursos audiovisuais, amplia o alcance e entendimento para que a população se mobilize na busca pelos seus direitos.

A expansão do Reconhecimento Facial avança tanto no Rio de Janeiro, quanto na na Bahia, e com ela, o aumento de casos de prisões indevidas. O uso dessas tecnologias indiscriminadamente reflete o aumento do encarceramento de pessoas negras. A Bahia é o Estado com o maior número de pessoas presas pelo uso de reconhecimento facial (211 pessoas). Observa-se que o governo prioriza o alto investimento nessas tecnologias de reconhecimento facial em vez de aplicar recursos financeiros em ações em saúde e educação. O governo já anunciou a extensão do projeto de reconhecimento facial para mais 77 municípios além de Salvador. Itiruçu é um desses municípios que não tem mais um Fórum de Justiça para atender à população local por falta de verba e ainda assim receberá o sistema de Reconhecimento Facial, mesmo os indicadores de violência de Itiruçu apresentem apenas um furto de carro na cidade. Mais um motivo para a não implantação desse sistema de monitoramento nesse município e em muitas outras cidades que têm o mesmo perfil de carência de investimento de políticas sociais.

Os riscos do uso do reconhecimento facial no Brasil é alto e O Panóptico, junto ao Aqualtune Lab defendem o banimento dessas tecnologias que reproduzem o racismo estrutural.

Assista ao vídeo sobre a a Expansão do Reconhecimento Facial na Bahia, com Pablo Nunes e Bruno Sousa.