Raça e Tecnologia
Artigo Natane da Silva Santos Raça TecnologiaNatane da Silva Santos Mulher preta, co-fundadora do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular Luiza Mahin, co-fundadora do Curso de Extensão Jurista Luiz Gama, ex-monitoria da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual e da Data Privacy Brasil, Integrante do AqualtuneLab, graduanda e pesquisadora de Direitos e Novas Tecnologias da UFRJ.
Vivemos na chamada Era digital, em que o mundo real e virtual é um só. A inteligência artificial tem destaque em nossas vidas e dita processos de tomada de decisão em relevantes aspectos, como: empregos, acesso ao crédito, segurança pública, saúde, perfilamento de indivíduo nas redes sociais, etc.
Por que estamos delegando assuntos tão importantes para as máquinas? Há uma falsa ideia de neutralidade e eficiência, mas os vieses e preconceitos existentes na sociedade, estão sendo programados também nestas ferramentas tecnológicas. Sistemas computacionais podem ser misteriosos e causar desigualdades de raça e gênero, como, o racismo algorítmico. Isso acontece quando algoritmos, através de imagens ou de outro meio digital, discriminam pessoas negras ou não-brancas.
O pesquisador Tarcízio Silva, em entrevista ao Portal Geledés afirmou que o problema não são os algoritmos, porém “como sociedades racistas constroem consequentemente tecnologias com potenciais ou aplicações discriminatórias”. A cientista da computação Joy Buolamwini chama nossa atenção para a necessidade de criarmos “práticas de codificação mais inclusiva”.
Nina da Hora, cientista da computação e hacker antirracista, ressalta que: “A educação é a melhor forma de hackear todos os sistemas [quebrando padrões que estimulam a desigualdade]”. Além da importância dos valores éticos em todo processo de desenvolvimento das tecnologias, a educação e conscientização a respeito do racismo estrutural são fundamentais para o enfrentamento do racismo nos mecanismos de inteligência artificial.
Devemos refletir atenciosamente sobre os impactos sociais das tecnologias, seus desenvolvimentos e usos. O problema não é, necessariamente, a tecnologia em si, mas a forma como a utilizamos. O letramento digital é algo que vai para além de ler e digitar nas plataformas, mas envolve a compreensão e a utilização de forma crítica, ou seja, o uso de recursos tecnológicos de maneira útil e consciente.
Referências:
CRUZ, Bruna Souza. Como uma cientista negra usa suas habilidades de hacker contra o racismo.Tilt. Publicado em 17.07.2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/07/17/nina-da-hora-ela-defende-o-conhecimento-para-hackear-o-racismo.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em 14.09.2021
VARON, Paloma. “Racismo algorítmico”: pesquisador mostra como os algoritmos podem discriminar. Portal Geledés. Publicado em 07.08.2019. Disponível em: https://www.geledes.org.br/racismo-algoritmico-pesquisador-mostra-como-os-algoritmos-podem-discriminar/. Acesso em 14.09.2021
How I’m fighting bias in algorithms | Joy Buolamwini – Canal TED do Youtube.Publicado em 29.03.2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UG_X_7g63rY . Acesso em 14.09.2021
Natane da Silva Santos Mulher preta, co-fundadora do Núcleo de Assessoria
Jurídica Universitária Popular Luiza Mahin, co-fundadora do Curso de Extensão Jurista Luiz Gama, ex-monitoria da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual e da Data Privacy Brasil, Integrante do AqualtuneLab, graduanda e pesquisadora de Direitos e Novas Tecnologias da UFRJ.